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O caso aconteceu na Igreja Batista Free Will de Gulnare, quando Estella Harville, 24 anos, e filha da secretária da igreja, Dean Harville, levou o noivo, negro, ao culto. Os dois visitaram a igreja nas férias de julho e ganharam oportunidade para ele tocar o piano e ela cantar um louvor. No culto havia cerca de 40 pessoas, que os aplaudiram e tudo correu normalmente como de costume.
No mês seguinte, o pastor Melvin
Thompson, que dirigia a igreja há muitos anos, proibiu a filha da
secretária e o noivo de cantar nos cultos novamente, mas não deixou
claro os motivos da proibição. Tempos depois, o pastor teve que deixar o
cargo por questões de saúde mas continuou frequentando a igreja. Ele
nunca mudou sua opinião sobre o assunto.
No inicio de novembro, Thompson propôs
um pedido para que a igreja não permitisse casamentos entre brancos e
negros, embora todas as pessoas fossem bem-vindas nos cultos. A proposta
também deixava claro que “pessoas de tais casamentos não poderiam ser
recebidas como membros, nem participarem do grupo de louvor ou exercer
cargos”.
O pastor teria se justificado alegando
que “não pretendia julgar a salvação de ninguém, mas visava promover uma
maior unidade entre o corpo da igreja e a comunidade onde servimos”,
diz a cópia da ata fornecida ao jornal Herald-Leader.
Os membros da igreja decidiram pôr em
votação para toda a igreja. No domingo passado, nove pessoas votaram a
favor e seis contra a proposta. Os outros membros não quiseram
participar da decisão. A mãe de Estella afirmou que a atitute tomada foi
motivada por racismo e que fez um grande mal à igreja, à comunidade e
até mesmo entristeceu a Deus. “Com certeza não é uma atitude cristã. É
somente o diabo trabalhando”, explicou a secretária da igreja.
Thompson, que hoje é dono de uma loja de
ferragens, explicou ao jornal Herald-Leader que a proposta feita por
ele foi desviada do seu contexto, mas não quis comentar mais a respeito
do assunto.
Estella disse que foi doloroso para eles
saber que alguns membros de sua família apoiaram o pastor na decisão.
Centenas de pessoas já manifestaram seu descontentamento com a atitude
da igreja na página do jornal na internet. Na TV foi noticiado em um
jornal estadual onde os protestos aumentaram ainda mais nas redes
sociais.
A associação de pastores local disse que
as reações dos demais evangélicos da cidade têm incluído “desgosto” e
“descrença”. “A maioria de nós pensou que isso era coisa de um passado
distante”, disse Randy Johnson, presidente dos pastores locais.
A pastora Stacy Stepp limitou-se a
comentar que não há nada na Bíblia que proíba o casamento inter-racial e
que, embora respeite a decisão da igreja, está profundamente magoada
com o que aconteceu, pois “Jesus ama todas as pessoas”. Ela disse também
que o casal poderia cantar novamente na igreja se quisesse.
Anthony Hite, 28 anos, membro da igreja
batista, votou contra a proposta e lembra: “Deus nos disse para amar a
todos. Só porque alguém tem uma cor de pele diferente, isso não é motivo
para não amá-lo do mesmo jeito.”
Dean Harville disse que pediu para que a
convenção das igrejas batistas do Kentucky anule a votação. Mesmo se
isso acontecer, sua filha Stella já declarou: “Eu acho que nunca mais
serei capaz de voltar para lá”.
Fonte: Gospel Prime