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Uma mensagem para o povo de Deus em ano Politico


Por Irene sousa 
O ímpio domina, o povo geme
 Tenho apenas 40 anos. Não vi muita coisa. Tudo que sei sobre o legendário Getúlio Vargas li em livros, apenas o que se pôde escrever, é claro. Tudo da Segunda Grande Guerra, do liberalismo dos anos 1970 e muito da ditadura apenas sinto reverberar, pelos mais experientes.
Mas alguma coisa estranha tem ocorrido nos últimos anos. Não sou político, nem partidário de nada que tenha a ver com
governos. Sou apenas um cidadão. Estou falando de patifarias, crias da corrupção e da proliferação de desmandos que têm se firmado a pretexto de compensações e reparações. Mas o pior não é isso. É sentir o povo inerte, silente, impotente. Parece-me que tanta perplexidade tem dado lugar à rendição.
Rui Barbosa, há quase cem anos, escreveu o célebre texto, já bem conhecido:

“... Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!  De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanthonesto.”
Bem antes, em 1871, o notável lusitano Eça de Queiroz manifestou-se em tom ainda mais consternado:

"Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada... A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita...Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências” (grifei).

Será que essa letargia é privilégio do povo do Brasil? Claro que não. Mas isso é consolo? De tanto ouvir canalhadas de toda espécie, como num reflexo de autodefesa, tenho me afastado dos jornais. Não por desejar me afastar das notícias, mas para não lidar com as reações (ou melhor, a falta delas). Às vezes, tenho a impressão de que os telejornais tentam nos provocar, mas nada acontece.
Quase ninguém mais vê utilidade em registrar um boletim de ocorrência (além das tabelas estatísticas), quando nos roubam o celular ou nos invadem a casa. Há nítida sensação de que não haverá resposta. Ao contrário, somos constrangidos a melhorar nossa segurança (Sim. A culpa pelo estupro é da mocinha que usa o jeans apertado e a culpa pelo roubo do meu carro é minha, que fui “negligente”. Esses são exemplos simples de vitimização no processo penal brasileiro, bem acolhido por nossos doutos juristas).

Os “nobres” cidadãos que receberam gordas mesadas para votar ao lado do governo no Congresso Nacional estão prestes a serem absolvidos pela prescrição de seus crimes (manobrinhas no STF). Um ex-ministro da justiça – sumidade no meio jurídico – está se ocupando na defesa de um bicheiro que, sob dezenas de provas cristalinas, será acusado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, contrabando, corrupção ativa e passiva, peculato, prevaricação e violação de sigilo. E dane-se a ética. Temos o Legislativo mais caro do mundo, mas que foge de questões importantes. Um Judiciário lento, igualmente caro, que trabalha meio período e, talvez por isso, não dá conta da demanda. O Executivo é inchado e paternalista. Rouba-nos, soberano, direto no contracheque, no posto de gasolina... Nas três esferas a corruptela graça folgada.

O salário mínimo vai bem, obrigado. Está em R$ 622. Mas o auxílio-reclusão já passa dos R$ 915. Ao passo que eu e você acordamos cedo para ganhar o pão, um detento o ganha de nossas mãos, no puro ócio. Tentam me convencer de que alimentá-lo é minha responsabilidade (2Ts 3.10-12). Aos detentos, infelizes que não podem ir nem vir (nada mais justo pelo que fizeram), tem sido garantidos os “saidões” no Natal, Ano Novo, Páscoa, dia das mães e outras datas comemorativas. E espera-se que voltem (?). Sem comentários... Nada contra os detentos. Tudo contra essas normas infames.

O homossexual, o índio, o afrodescendente e qualquer outro que julgue fazer parte de uma minoria tem tido tantos privilégios, mas tantos, que ser maioria é constrangedor. Os militares federais têm sido achacados covardemente por lideranças espúrias que têm se aproveitado de sua formação moral, que anatematiza qualquer ato que possa associar-se à indisciplina (mesmo que não seja), sem reação. Nosso país humilha quem jurou defendê-lo com a própria vida.
Há um clima de injustiça social instalado, muito evidente, fruto de políticas públicas que, não sabemos direito o porquê, têm causado desconforto na população.
(Provérbios 29:2) - Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.

Por causa disso, o ceticismo tem tomado conta de pessoas de bem. No que devemos crer? Nas balanças do supermercado e do self-service? Na temperatura mostrada no relógio digital da rua? Na promessa de dentes mais brancos em uma semana, estampada nos cremes dentais? Que o homem pisou na lua? Que as sacolas plásticas destroem o meio-ambiente, e as embalagens de arroz, feijão, farinha, milho, ervilha e açúcar não? (Que ingenuidade!). Que a água do planeta vai acabar? Na versão do livro de História dos nossos filhos? Na data de validade do leite, do pão e do queijo? (Vai tudo pro lixo depois que expira?). Que os iluminati dominam as eleições? Que o sol pode explodir daqui a pouco? Que o mundo vai acabar em 21/12/12? Que amanhã posso acordar sem rim, numa banheira de gelo? Meu Deus, quanta bobagem!

Não há confiança mútua entre os entes. Instalou-se um clima contrário, de insegurança latente, à qual nos submetemos resignados por mera impotência, esperando que um dia algum super-herói, algum messias (não o de Nazaré) nos salve. Aliás, estamos mal de heróis; por algum motivo escolhemos maconheiros, prostitutas, traficantes e ladrões como exemplos de vida.
Não interessa se evangélicos assumirão os postos-chave do país. O que precisamos é de homens e mulheres com caráter irretocável, e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mas deveria. Os evangélicos mais proeminentes hoje têm suas imagens associadas a superstições, atos proféticos, gritarias e apego ao dinheiro, atributos inteiramente opostos, ironicamente, ao “evangelho” que pregam.

Jeremias, milhares de anos antes de Cristo, perguntou por que o perverso prospera (Jr 12.1). Habacuque (Hc 1.1-4) e Asafe (Sl 73) também o fizeram. Inquietamo-nos pela percepção de que na vida de pessoas íntegras, tementes a Deus, algo sempre sai errado, enquanto pessoas inescrupulosas se dão bem. Chegamos a ter raiva da misericórdia “excessiva” de Deus, que não age contra alguns, agora.

(Habacuque 1:4) - Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida.

Os pessimistas dizem que tudo tende a piorar. Os otimistas “sabem” que tudo é dialética e parte de um processo de aperfeiçoamento. Os triunfalistas derramam litros de óleo sobre as cidades, propalando conquistas no “mundo espiritual”, declarando que o Brasil é do Senhor Jesus. Os místicos dizem que há uma grande conspiração e que só um alinhamento universal poderá mudar nosso destino. Os moderados simplesmente aguardam o fim, sabedores de que não precisam remar contra a maré de um mundo que jaz do maligno.

Todos devem ter sua parcela de razão. Mas por fim sobrevivem os lúcidos, que sabem, de verdade, que vivemos o efeito de uma colonização estúpida, de séculos de negligência com Educação e infraestrutura, e da cultura do grande-ganho-imediato-oportunista, bem no estilo brasileiríssimo do “achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado”. Ganância. Malandragem. O episódio vexatório da rede de hotéis do Rio de Janeiro, para a Rio+20 foi realmente triste (Em tempo: Achado é roubado sim, se se pode devolver).

Negligenciamos por décadas o cultivo do amor ao Brasil. Aprendemos que trabalhar é maldição de Deus. Na Alemanha, no Japão e na França a coisa pública é de todos, aqui o bem público é de ninguém. Toleramos ladrões e assassinos com menos de 18. Reelegemos senador um homem que foi execrado do poder quase ontem. Não sabemos cantar o Hino Nacional. Não sabemos de cor nem as capitais de nossos Estados. Nosso orgulho nacional – medíocre e fugaz – se limita a vitórias no futebol, a cada quatro anos.

É difícil ver saída. Aliás, no curto prazo não há saída. Onde estão os justos?
(Provérbios 29:2) - Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.

o ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser
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